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01 abril 2005
Resistir ao vento, ao rigor da invernia
Já aqui tinha feito uma tentativa de ilustração de um poema de Eugénio de Andrade referente a um lugar concreto, o Passeio Alegre, com uma fotografia tirada da porta da casa do poeta. Sem pretensiosismo, vale o que vale: o prazer que me dá elaborar uma imagem, com um poema em mente.
«O Lugar da Casa» constitui mais uma referência, na poesia de Eugénio, ao local em que o poeta vive.
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O Lugar da Casa
Uma casa que nem fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
Eugénio de Andrade
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Poesia I
24 janeiro 2005
Passeio Alegre
Passeio Alegre
Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausica, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis - assim nuas.
Eugénio de Andrade
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